Brasília é terra de músicos variados e
bons.
Não podia ser diferente.
A capital é formada por gente de todos
os cantos do país, de todas as vertentes.
JK ungiu essa cidade no nascedouro com
o emblema do amor à música de Dilermando Reis, Tom Jobim, Vinicius de Moraes.
Da seresta e da raiz.
Assim, além de capital do rock e do
choro, Brasília é a terra de Zé Mulato e Cassiano, uma dupla que honra a música
caipira de fato, aquela que traduz o universo rural e mantém a matreirice
singela e inteligente de quem nasceu na roça e mesmo que viva na cidade faz da
vida uma boa razão para ser feliz.
Zé Mulato e Cassiano, irmãos de sangue
e de percurso profissional, são símbolo do que há de melhor na música caipira,
aquela da estirpe de Tião Carreiro e Carreirinho, de Tonico e Tinoco, de Pena
Branca e Xavantinho.
São festejados com razão por quem ama a
música de raiz.
E completaram 30 anos de convivência nos
palcos e estúdios com uma obra múltipla, um documentário em DVD sobre essas
três décadas juntos, um CD cantado com o título "Sertão ainda é
sertão" e outro CD, o Zé Mulato e Cassiano Instrumental. No CD
"Sertão ainda é sertão", há de tudo um pouco, cururu, pagode, rumba,
cateretê, moda de viola, Guarânia, xote, polca, bolero, batuque e rasqueado.
Todas as canções são de sua autoria. Um dos motivos do seu sucesso é o fato de
serem ótimos compositores do seu gênero. Já no CD instrumental, além de muitas
composições próprias, eles homenageiam outros compositores como Braz da Viola,
J. Oliveira, Antenógenes Silva, Jorge Gallati, Raul Torres, Vanuque, Daniel
Fernandes, Sebástian Yradier e o mesmo Dilermando Reis que JK tanto admirava e
de quem falo no início desse texto (e cujo violão está exposto no Catetinho
para a posteridade), com o chorinho "Fogo na canjica". Zé Mulato e
Cassiano são hoje exemplos a serem seguidos pelos novos violeiros que buscam a
autenticidade para plantar o seu trabalho na história da música de raiz
brasileira.
Nada
contra sertanejos, mas esses dois são a prova de que a verdadeira raiz musical
caipira está como nas árvores, plantada no chão da roça, de onde sobe a seiva
para dar viço à copa verde e aos frutos saborosos e flores coloridas quando é
época de surgirem.
A harmonia da natureza dá o tom na
música que soma melodia e ritmo às batidas do coração de quem toca por amor a
canção do homem da terra. Ouvir "causos" contados por Zé Mulato e
Cassiano é garantia de desopilar o fígado e dar alegria à vida.
Com simplicidade e ironia, eles
misturam as cenas rurais de rios, bicas, serras, vales e terra batida a muitas
críticas sociais e políticas sobre o que vivenciam como atores qualificados do
mundo rural, mas que vivem na urbe cosmopolita que é capital desse Brasil
continental. As três obras, que batizam de Zé Mulato e Cassiano - 30 anos -
Fidelidade a Brasília, é um produto independente de um também violeiro, mas
ainda empresário que não abre mão da música de raiz e faz da sua defesa uma causa:
Volmi Batista, criador da VBS, a Viola Brasileira Show, responsável pela
produção fonográfica.
O trabalho contou também com o apoio da
Secretaria de Estado de Cultura, da Secretaria de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e da Brasiliatur. TEXTO DE
MARCEL DE BROT, JORNAL HOJE EM
DIA Zé Mulato e Cassiano, dupla caipira de Brasília ganhadora
do Prêmio Sharp com o melhor Cd de música regional do Brasil em 1998 (Meu Céu).
Nascidos em Minas Gerais , os
irmãos José das Dores Fernandes [Zé Mulato] e João Monteiro da Costa Neto
[Cassiano], tiveram em casa as primeiras lições com o pai que tocava cavaquinho
e cantava. Um andarilho chamado Raimundo Roda, de passagem por sua cidade,
ensinou a Zé Mulato, os primeiros segredos da viola caipira.
Em 1969, desembarcaram em Brasília,
trazendo apenas sonhos e a dupla.
O primeiro disco só aconteceu em 1978,
pela gravadora Xororó.
Depois vieram mais quatro Lp´s e muitas
participações em coletâneas, como as homenagens ao Capitão Furtado ao lado de
Sivuca, Rolando Boldrin, Roberto Corrêa e outros, Feito na Roça com Inezita
Barroso e Pereira da Viola, Violeiros do Brasil com Almir Sater, Zé Côco e
Renato Andrade, “Marrequinho – Uma Vida, Uma História” com Chico Rey e Paraná,
André e Andrade, Mozart e Mozair e outros.
Zé Mulato e Cassiano tiveram algumas
das suas músicas regravadas por dezenas de violeiros pelo Brasil afora até
cantores da MBP, caso de Eduardo Dusek, que gravou “Soraia”.
Desencantados, com os rumos tomados
pela música sertaneja, Zé Mulato e Cassiano, ficaram mais de dez anos sem
gravar, mas não param de cantar.
Qualquer oportunidade onde houvesse
respeito e admiração pela música caipira de raiz era um palco para o talento
dessa dupla que nunca fez concessões, sempre defendendo a verdadeira música
brasileira.
O retorno ao disco aconteceu pelas mãos
da dupla “Pena Branca e Xavantinho”, que os apresentou ao compositor Victor
Martins, diretor da Gravadora Velas.
Contrato assinado, trabalho feito, com
direção musical do violeiro Roberto Corrêa, surge o melhor Cd de música regional
do ano de 1998, Meu Céu, de Zé Mulato e Cassiano.
O coroamento aconteceu com a conquista
do Prêmio Sharp, concorrendo com as irmãs Galvão e Lourenço e Lourival. Dia 13
de maio de 1998, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, os caipiras mineiros/
brasilienses, receberam das mãos da apresentadora Hebe Camargo o mais
importante prêmio da música brasileira. São reconhecidos como a dupla caipira
mais autêntica do Brasil.
Zé Mulato & Cassiano Tem dezenas de
composições gravadas por outros artistas, como: Eduardo Dusek, Irmãs Freitas,
Vieira & Vieirinha, Chico Rey & Paraná, Galvão & Galvãozinho, Liu
& Léu, Cacique & Pajé, Pedro Bento & Zé da Estrada, Carreiro e
Carreirinho, Trio Parada Dura, Mato Grosso e Mathias e Jackson Antunes.
Ganhadores do Prêmio Sharp em 1998 na categoria Melhor Dupla Regional pelo
álbum Meu Céu, Prêmio TIM 2003, Prêmio Excelência da viola 2004.
Em 2009 comemoramos 80 anos da gravação
do primeiro disco de música caipira no Brasil. Um feito de Cornélio Pires em
1929, Zé Mulato & Cassiano se apresentam hoje como o melhor resultado do
que foram estes 80 anos de música caipira, raiz, sertaneja, cabocla ou regional
não importa.
De qualquer forma eles apresentam um
trabalho com pelo menos três referências importantes na configuração deste gênero
musical genuinamente brasileiro: 1.
A característica marcante de duplas
famosas das décadas de 20, 30 e 40, como: Jararaca e Ratinho, Alvarenga e
Ranchinho e Zé Fortuna e Pitangueira com suas paródias, sátiras musicais,
causos e piadas. 2.
O preciosismo na elaboração de letras,
preservando sempre a poesia de boa rima e temas presentes no cotidiano do povo
brasileiro, tanto da cidade quanto da roça. Característica de duplas como Raul
Torres e Florência, Tonico e Tinoco e Zé Carreiro e Carreirinho.
O
mais importante é que Zé Mulato & Cassiano são considerados hoje uma das
melhores duplas em termos de execução dos instrumentos (Viola e Violão). Zé
Mulato segue os passos de violeiros como: Bambico e Tião Carreiro, só que com
uma técnica bem particular.
Cassiano músico autodidata toca violão
como poucos do gênero caipira no Brasil. A maior prova disso é que nas suas
gravações eles mesmos se acompanham, e mostraram isso gravando um disco só com
músicas instrumentais de autoria da própria dupla e clássicos de todos os
tempos, como La Paloma
(Sebastian Yradier - 1860, Saudade de Matão Jorge Galati - 1904).
Chegamos ao fim da primeira década do
século XXI, com um saldo positivo na música popular genuinamente brasileira e
isso graças a Zé Mulato & Cassiano que nos proporciona apreciar toda a
riqueza rítmica, melódica e poética da nossa música regional caipira em seus 12
discos gravados.
Na maior parte dos mais de 40 anos que
reside em Brasília, Zé Mulato, principal compositor da dupla, dedicou-se ao
trabalho de segurança na Câmara dos Deputados Federais, de onde tirou
inspiração e argumento para temperar suas músicas com boas pitadas de humor e
críticas sociais.
Isso tendo como referência sempre as
coisas puras e simples do sertão. Zé Mulato & Cassiano chegaram a ficar
mais de dez anos sem gravar, por não aceitarem imposição das gravadoras. Mas
logo no seu primeiro CD feito com total autonomia eles arrebataram o prêmio
Sharp como melhor dupla regional do Brasil em 1998.
Feito repetido em 2003, com a conquista
do prêmio TIM. Em 2008 quando completaram 30 anos da gravação do primeiro
disco, foram homenageados no Teatro Nacional em Brasília em um evento que
contou com as presenças de Inezita Barroso, Pena Branca, Roberto Correa e
Pereira da Viola. Zé Mulato & Cassiano tem participado de vários projetos
culturais por todo o país, fazendo shows em várias capitais e no interior,
participou recentemente do projeto Pixinguinha e do Acordes brasileiro.
Estão também entre os violeiros que
compõe o DVD Violeiros do Brasil. Enfim, Zé Mulato e Cassiano são a sínteses da
resistência e luta pela preservação da nossa autêntica cultura caipira. Volmi Batista – Produtor CONTATO COM ZÉ
MULATO & CASSIANO: http://www.violabrashow.com.br/
Fonte: VBS PRODUÇÕES E EVENTOS
http://blogdomarrequinho.blogspot.com.br/
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