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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Duo Guarujá.31/12/12


Duo Guarujá.
            Manilce Lallis, utilizando o nome artístico Nilsen Ribeiro, iniciou sua carreira musical cantando em festas de amigos, nas quais costumava causar boa impressão aos diversos convidados, dentre eles, Armando Castro, que era "crooner" do grupo "Vagalumes do Luar", que era contratado exclusivo da Rádio Record de São Paulo-SP e da gravadora Continental.
Durante um ano, Armando também fez parte da equipe contratada pela Rádio Farroupilha de Porto Alegre-RS.
Excelentes intérpretes e também compositores, Nilsen e Armando se uniram em matrimônio no ano de 1951. "Casando também as suas belíssimas vozes", formaram a inesquecível dupla à qual deram o nome "Duo Guarujá", nome esse escolhido através de um concurso.
O primeiro disco do Duo Guarujá (17.103) foi gravado em 04/02/1955, pela gravadora Continental, tendo no lado A o bolero "Non Dimenticar" (P. G. Redi e M. Galdieri - versão: M. de Lemos) e no lado B a guarânia "Filha de Maria" (Mário Vieira e Ado Benatti).
No ano seguinte, o Duo Guarujá foi agraciado com o Prêmio Roquette Pinto como "O Melhor Duo Vocal". Nessa época, três músicas do repertório da dupla já figuravam com destaque nas paradas de sucesso.
Em 1958, o Duo Guarujá gravou o 14º disco 78 RPM, pela Gravadora Continental (17.554), tendo no lado A a guarânia "Cabecinha no Ombro" (Paulo Borges) e no lado B a Valsa "Se a Viola Contasse" (João Pacífico e Florêncio).
Sem dúvida, um dos grandes marcos da trajetória do Duo Guarujá foi a gravação de "Cabecinha no Ombro" (Paulo Borges), belíssima e famosíssima guarânia que permaneceu durante 6 meses ocupando o primeiro lugar nas paradas de sucesso, tendo obtido praticamente todos os prêmios de música possíveis na época.
De autoria de Paulo Alves Borges (nascido no Rio de Janeiro-RJ no dia 28 de fevereiro de 1916), "Cabecinha no Ombro" foi inspirada no momento em que, estando num bonde no Rio de Janeiro-RJ, uma amiga sua começou a chorar em seu ombro... Quando Paulo voltava pra casa, caminhando no bairro do Botafogo, começou a lapidar essa belíssima jóia musical de estrondoso sucesso e que obteve mais de 150 gravações, incluindo versões em francês, espanhol, guarany e até mesmo japonês (com o nome "Futani orisoni")!!
A vendagem dessa guarânia chegou a atingir a incrível marca de 6 milhões de discos!!
Só em 1957, ano em que foi lançada, "Cabecinha no Ombro" conheceu 14 diferentes gravações. A primeira gravação foi no lado B do disco 78 RPM Columbia (CB-10.370), na interpretação de Alcides Gerardi (no lado A do mesmo disco, o bolero "Não" (René Bruxelas e Belony de Carli)).
Alguns autores afirmam que é do Duo Guarujá a primeira gravação da célebre "Cabecinha no Ombro", informação errônea que, no entanto, não deixa de fazer um certo sentido, já que, embora não tenham sido os primeiros cantores a gravá-la em disco, consta que o Duo Guarujá detém o pioneirismo de ter sido a primeira dupla a gravar a inesquecível guarânia que, ao longo desses anos todos, foi gravada (e continua sendo gravada!!) por inúmeros excelentes músicos de diversos estilos, dentre os quais, o já mencionado Alcides Gerardi, além do Trio Nagô, Banda Chantecler, Carlinhos Mafasolli, Quarteto Marabá, Altamiro Carrilho, Ângela Maria, Leny Eversong, Altemar Dutra, Fagner, Luís Bordon, Nalva Aguiar, Orquestra Brasileira de Espetáculos, Titulares do Ritmo, Irmãs Galvão, Nara Leão, Raul Gil, Roberta Miranda e Milionário e José Rico, além da inesquecível fadista portuguesa Amália Rodrigues, e também de intérpretes que gravaram em outro idiomas, tais como Gregorio Barrios, Guido Miyoshi e Santo Morales, apenas para citar alguns. Também ficou famosa a gravação a cargo de "Pirilampo e Saracura", a famosa dupla fictícia que foi personagem da novela "O Rei do Gado", em 1996, na Rede Globo, e que era formada por Almir Sater e Sérgio Reis.
O repertório gravado pelo Duo Guarujá é formado principalmente por boleros, sendo que a dupla gravou em diversos ritmos e estilos diferentes, tais como guarânias, rasqueados, valsas, sambas, marchas, corridos, canções rancheiras, huapangos, toadas e muitos outros.
A fase de maior sucesso na carreira do Duo Guarujá compreendeu as décadas de 1950 e 1960, tendo gravado mais de 50 discos, entre "bolachões" 78 RPM, compactos e LP's. Fazem parte dessa ampla discografia diversas músicas compostas por autores do quilate de Ado Benatti, Florêncio, Osvaldo Molles, João Pacífico, Hervé Cordovil, Jair Amorim, Evaldo Gouveia, Arlindo Pinto, Athos Campos, Lupicínio Rodrigues, Joubert de Carvalho, Alfredo Borba, Ângelo Apolônio "Poly", Waldomiro Bariani Ortêncio, Lourival Faissal, Arcênio de Carvalho, Miltinho Rodrigues, Roberto Carlos, Erasmo Carlos (de quem gravaram "Despedida" (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) em 1995), Sebastião Víctor e Edgard de Souza, além do já mencionado Paulo Borges, autor da célebre "Cabecinha no Ombro"!
E o Duo Guarujá também gravou diversas composições próprias, tais como "Sem Teu Amor" (Armando Castro e Nilsen Ribeiro), "Pode Chorar" (Nilsen Ribeiro e Moacyr Arantes), "Viola Confidente" (Nilsen Ribeiro e Mário Rebello) e "Lembrança de um Nome" (Armando Castro e João Miguel).
Apesar da vasta discografia deixada pelo Duo Guarujá, pouquíssimas gravações (menos de 10% do repertório) foram remasterizadas em CD.
O casal morou vários anos na cidade de Santo André-SP, na famosa Região Industrial do ABC Paulista. De acordo com Nilsen Ribeiro, "... o ABC sempre foi dotado de grandes talentos, mas dificilmente esses artistas eram reconhecidos na região, talvez porque, mesmo sendo uma região desenvolvida, o ABC sempre foi considerado 'Interior da Capital' (...) No começo tudo foi muito complicado. Precisei buscar as Rádios da Capital Paulista para divulgar meu trabalho. Só depois de fechar contrato com uma das Rádios mais fortes de São Paulo, que viramos sucesso nacional..."
Nilsen Ribeiro também mencionava que “... mesmo tendo 4 Emissoras de rádio na região, ainda era difícil se fazer notar somente no ABC. Para ser destaque tínhamos que buscar o sucesso fora, nossa arte ainda não era valorizada pelos moradores, não havia grande incentivo. E assim fizemos. Ganhamos a simpatia do país inteiro e, quando voltávamos para fazer shows nos auditórios das Rádios, nos circos ou nos cinemas, éramos aplaudidos de pé..."
O depoimento acima, foi uma entrevista concedida à Rita Donato, no artigo intitulado A Vida Cultural na Região, oriundo do Diário do Grande ABC, e que consta também no site IMES Explica da Universidade Municipal de São Caetano do Sul-SP.
Nilsen Ribeiro e Armando Castro já são falecidos. Nilsen Ribeiro faleceu no dia 30 de setembro de 2007, aos 80 anos de idade, em Santo André-SP, cidade onde residia.
O corpo de Nilsen Ribeiro jazz no Cemitério Assunção na cidade de Santo André-SP.



Texto: Sandra Cristina Peripato

Fonte: www.boamusicaricardinho.com

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