Duo Guarujá.
Manilce
Lallis, utilizando o nome artístico Nilsen Ribeiro, iniciou sua carreira
musical cantando em festas de amigos, nas quais costumava causar boa impressão
aos diversos convidados, dentre eles, Armando Castro, que era
"crooner" do grupo "Vagalumes do Luar", que era contratado
exclusivo da Rádio Record de São Paulo-SP e da gravadora Continental.
Durante um ano, Armando também fez
parte da equipe contratada pela Rádio Farroupilha de Porto Alegre-RS.
Excelentes intérpretes e também
compositores, Nilsen e Armando se uniram em matrimônio no ano de 1951.
"Casando também as suas belíssimas vozes", formaram a inesquecível
dupla à qual deram o nome "Duo Guarujá", nome esse escolhido através
de um concurso.
O primeiro disco do Duo Guarujá
(17.103) foi gravado em 04/02/1955, pela gravadora Continental, tendo no lado A
o bolero "Non Dimenticar" (P. G. Redi e M. Galdieri - versão: M. de
Lemos) e no lado B a guarânia "Filha de Maria" (Mário Vieira e Ado
Benatti).
No ano seguinte, o Duo Guarujá foi
agraciado com o Prêmio Roquette Pinto como "O Melhor Duo Vocal".
Nessa época, três músicas do repertório da dupla já figuravam com destaque nas
paradas de sucesso.
Em 1958, o Duo Guarujá gravou o 14º
disco 78 RPM, pela Gravadora Continental (17.554), tendo no lado A a guarânia
"Cabecinha no Ombro" (Paulo Borges) e no lado B a Valsa "Se a
Viola Contasse" (João Pacífico e Florêncio).
Sem dúvida, um dos grandes marcos
da trajetória do Duo Guarujá foi a gravação de "Cabecinha no Ombro"
(Paulo Borges), belíssima e famosíssima guarânia que permaneceu durante 6 meses
ocupando o primeiro lugar nas paradas de sucesso, tendo obtido praticamente
todos os prêmios de música possíveis na época.
De autoria de Paulo Alves Borges
(nascido no Rio de Janeiro-RJ no dia 28 de fevereiro de 1916), "Cabecinha
no Ombro" foi inspirada no momento em que, estando num bonde no Rio de
Janeiro-RJ, uma amiga sua começou a chorar em seu ombro... Quando Paulo voltava
pra casa, caminhando no bairro do Botafogo, começou a lapidar essa belíssima
jóia musical de estrondoso sucesso e que obteve mais de 150 gravações,
incluindo versões em francês, espanhol, guarany e até mesmo japonês (com o nome
"Futani orisoni")!!
A vendagem dessa guarânia chegou a
atingir a incrível marca de 6 milhões de discos!!
Só em 1957, ano em que foi lançada,
"Cabecinha no Ombro" conheceu 14 diferentes gravações. A primeira
gravação foi no lado B do disco 78 RPM Columbia (CB-10.370), na interpretação
de Alcides Gerardi (no lado A do mesmo disco, o bolero "Não" (René
Bruxelas e Belony de Carli)).
Alguns autores afirmam que é do Duo
Guarujá a primeira gravação da célebre "Cabecinha no Ombro",
informação errônea que, no entanto, não deixa de fazer um certo sentido, já
que, embora não tenham sido os primeiros cantores a gravá-la em disco, consta
que o Duo Guarujá detém o pioneirismo de ter sido a primeira dupla a gravar a
inesquecível guarânia que, ao longo desses anos todos, foi gravada (e continua
sendo gravada!!) por inúmeros excelentes músicos de diversos estilos, dentre os
quais, o já mencionado Alcides Gerardi, além do Trio Nagô, Banda Chantecler,
Carlinhos Mafasolli, Quarteto Marabá, Altamiro Carrilho, Ângela Maria, Leny
Eversong, Altemar Dutra, Fagner, Luís Bordon, Nalva Aguiar, Orquestra
Brasileira de Espetáculos, Titulares do Ritmo, Irmãs Galvão, Nara Leão, Raul
Gil, Roberta Miranda e Milionário e José Rico, além da inesquecível fadista
portuguesa Amália Rodrigues, e também de intérpretes que gravaram em outro
idiomas, tais como Gregorio Barrios, Guido Miyoshi e Santo Morales, apenas para
citar alguns. Também ficou famosa a gravação a cargo de "Pirilampo e
Saracura", a famosa dupla fictícia que foi personagem da novela "O
Rei do Gado", em 1996, na Rede Globo, e que era formada por Almir Sater e
Sérgio Reis.
O repertório gravado pelo Duo Guarujá
é formado principalmente por boleros, sendo que a dupla gravou em diversos
ritmos e estilos diferentes, tais como guarânias, rasqueados, valsas, sambas,
marchas, corridos, canções rancheiras, huapangos, toadas e muitos outros.
A fase de maior sucesso na carreira
do Duo Guarujá compreendeu as décadas de 1950 e 1960, tendo gravado mais de 50
discos, entre "bolachões" 78 RPM, compactos e LP's. Fazem parte dessa
ampla discografia diversas músicas compostas por autores do quilate de Ado
Benatti, Florêncio, Osvaldo Molles, João Pacífico, Hervé Cordovil, Jair Amorim,
Evaldo Gouveia, Arlindo Pinto, Athos Campos, Lupicínio Rodrigues, Joubert de
Carvalho, Alfredo Borba, Ângelo Apolônio "Poly", Waldomiro Bariani
Ortêncio, Lourival Faissal, Arcênio de Carvalho, Miltinho Rodrigues, Roberto
Carlos, Erasmo Carlos (de quem gravaram "Despedida" (Roberto Carlos e
Erasmo Carlos) em 1995), Sebastião Víctor e Edgard de Souza, além do já
mencionado Paulo Borges, autor da célebre "Cabecinha no Ombro"!
E o Duo Guarujá também gravou
diversas composições próprias, tais como "Sem Teu Amor" (Armando
Castro e Nilsen Ribeiro), "Pode Chorar" (Nilsen Ribeiro e Moacyr
Arantes), "Viola Confidente" (Nilsen Ribeiro e Mário Rebello) e
"Lembrança de um Nome" (Armando Castro e João Miguel).
Apesar da vasta discografia deixada
pelo Duo Guarujá, pouquíssimas gravações (menos de 10% do repertório) foram
remasterizadas em CD.
O casal morou vários anos na cidade
de Santo André-SP, na famosa Região Industrial do ABC Paulista. De acordo com
Nilsen Ribeiro, "... o ABC sempre foi dotado de grandes talentos, mas
dificilmente esses artistas eram reconhecidos na região, talvez porque, mesmo
sendo uma região desenvolvida, o ABC sempre foi considerado 'Interior da
Capital' (...) No começo tudo foi muito complicado. Precisei buscar as Rádios
da Capital Paulista para divulgar meu trabalho. Só depois de fechar contrato
com uma das Rádios mais fortes de São Paulo, que viramos sucesso
nacional..."
Nilsen Ribeiro também mencionava
que “... mesmo tendo 4 Emissoras de rádio na região, ainda era difícil se fazer
notar somente no ABC. Para ser destaque tínhamos que buscar o sucesso fora,
nossa arte ainda não era valorizada pelos moradores, não havia grande
incentivo. E assim fizemos. Ganhamos a simpatia do país inteiro e, quando
voltávamos para fazer shows nos auditórios das Rádios, nos circos ou nos
cinemas, éramos aplaudidos de pé..."
O depoimento acima, foi uma
entrevista concedida à Rita Donato, no artigo intitulado A Vida Cultural na
Região, oriundo do Diário do Grande ABC, e que consta também no site IMES
Explica da Universidade Municipal de São Caetano do Sul-SP.
Nilsen Ribeiro e Armando Castro já
são falecidos. Nilsen Ribeiro faleceu no dia 30 de setembro de 2007, aos 80
anos de idade, em Santo
André-SP , cidade onde residia.
O corpo de Nilsen Ribeiro jazz no
Cemitério Assunção na cidade de Santo André-SP.
Texto: Sandra Cristina Peripato
Fonte: www.boamusicaricardinho.com
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