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domingo, 10 de março de 2013

Leo canhoto e Robertinho 10/0313


Leo canhoto e Robertinho

Leonildo Sachi, o Léo Canhoto, nasceu em Anhumas SP no dia 27/04/1936.
José Simão Alves, o Robertinho, nasceu em Água Limpa GO no dia 09/02/1944. 
Leonildo nasceu na roça, onde passou fome e viveu muitas dificuldades. Passou um período com sua família italiana num sítio no município de Sertanópolis PR onde, até os 18 anos de idade, enfrentou todo tipo de trabalho, inclusive capinar a roça.
Foi devido a uma doença que acometeu o pai de Leonildo que ele acabou se tornando cantor: Para custear o tratamento, Leonildo resolveu fazer um roçado de algodão ajudado por uma de suas irmãs. Fez dívida com a compra de equipamentos diversos e inseticidas, porém, nada colheu, devido a uma chuva inesperada que destruiu toda a plantação, ainda em floração.
Leonildo
começou então sua aventura na cidade grande, onde se viu obrigado a tentar a sorte, procurando emprego em circos mambembes, com seu Violão, que havia aprendido a tocar em volta das fogueiras nos diversos sítios onde morou.
O nome artístico com o qual Leonildo ficou conhecido foi devido ao fato dele realmente ser canhoto.
Seu aprendizado musical foi “de ouvido” e Léo Canhoto chegou a participar de algumas duplas, dentre as quais, a mais conhecida, com Maurinho: a dupla “Maurinho e Zé Canhoto” participou de alguns programas de rádio na Difusora de Londrina-PR e também tentou a sorte na Capital Paulista, tendo gravado um disco, porém, com o nome de “Os Canarinhos do Sertão”, já que o nome “Maurinho e Zé Canhoto” não foi aceito.
O sucesso não aconteceu e a dupla logo se desfez.
Léo Canhoto passou a fazer parte do trio “Campanha, Léo Canhoto e Perigoso”, o qual também não durou muito tempo. Na mesma época, porém, Léo Canhoto começou a se firmar como compositor, tendo tido diversas de suas músicas gravadas por intérpretes do quilate de Zilo e Zalo, Pedro Bento e Zé da Estrada, Zico e Zeca e Luizinho, Limeira e Zezinha.
Na mesma época, Léo Canhoto também começou a empresáriar duplas famosas tais como Vieira e Vieirinha e Sulino e Marrueiro. Léo Canhoto, no entanto desejava realizar o seu próprio trabalho musical!
José Simão Alves, por sua vez, também enfrentou diversas dificuldades.
Órfão de mãe com bem pouca idade, foi levado por seu pai para Buriti Alegre-GO, onde trabalhou na roça e também foi sapateiro, tintureiro e tratorista.
Gostava de cantar desde criança. Bastante tímido, no entanto, quando alguém pedia, ele só aceitava cantar se fosse de costas para o público; e, quando acabava a música, saia correndo…
Na mesma, Buriti Alegre-GO, José Simão formou com mais dois amigos o trio “Jota, Jotinha e Marquinho” que cantava na Rádio Clube local. Algum tempo depois o trio foi para a Capital Paulista, aonde chegou a gravar um disco o qual não obteve sucesso.
José Simão seguiu para Goiânia-GO e continuou mantendo contato com o meio sertanejo, em meio às dificuldades que enfrentava.
Tinha uma única calça e apenas duas camisas, além de passar semanas comendo somente arroz com tomate.
José Simão escolheu o nome artístico de “Robertinho” em homenagem o seu grande ídolo que é Roberto Carlos.
E foi numa viagem a Goiânia-GO que os dois componentes da dupla se conheceram: Robertinho, que era fã de Léo Canhoto como compositor, foi ao Hotel J. Alves para conhecê-lo e, por intermédio do Acordeonista Inhozinho, foi a ele apresentado.
Léo Canhoto, por sua vez, ouvindo Robertinho cantar, gostou bastante da sua voz e, após cantarem juntos algumas músicas, decidiram formar a nova dupla. 
Robertinho não hesitou em se mudar de imediato para a Paulicéia Desvairada onde, de início, morou durante dois anos na mesma residência de Léo Canhoto. Antes da gravação do primeiro LP.
Léo Canhoto e Robertinho tiveram que fazer diversos “bicos”, acompanhando outras duplas, fazendo portaria nos circos, vendendo livros e, sempre que surgia alguma oportunidade, faziam algumas pequenas apresentações nos respectivos locais.
Mas a nova dupla estava para iniciar então uma “mudança radical” e (por que não dizer?), uma verdadeira “revolução” no panorama da Música Sertaneja de um modo geral!
Havia na década de 1960 diversas excelentes Duplas Caipiras no auge do sucesso. Léo Canhoto, experiente que era como Empresário no meio fonográfico sustentava que a nova dupla que nascia precisava ser “diferente” de tudo que rolava na época.
E, com seus famosos óculos escuros Léo falava em “reciclar”, “romper estruturas arcaicas” e “ampliar o público”.
 E, lógico, as gravadoras, de um modo geral, gostavam de tais idéias, principalmente por aumentar as vendagens. 
E foi assim que, no ano de 1969, Léo Canhoto e Robertinho aproveitaram a “janela” que já havia sido aberta pela Jovem Guarda e mostraram pela primeira vez ao público sertanejo o característico visual que misturava o Sertanejo com o Country Americano, além de misturar também o Boiadeiro com o Rockeiro.
O primeiro disco foi gravado no mesmo ano de 1969 na RCA Victor, contendo dentre outras músicas, um de seus maiores sucessos, que foi o corrido “Apartamento 37”.
(Léo Canhoto) (a música cujo trecho o Apreciador ouve ao acessar essa página).
E, em 1972, Léo Canhoto e Robertinho ganharam um Disco de Ouro com o sucesso de “Apartamento 37” (Léo Canhoto), tendo sido a primeira dupla sertanejo a conquistar tal prêmio no Brasil.
Algumas boas Duplas Sertanejas do quilate de Tibagi e Miltinho e Belmonte e Amarai já haviam iniciado uma “inovação” na Música Caipira, com a inclusão de Orquestras.
Trompetes e Guitarras Elétricas nos arranjos, além de terem incluído no repertório ritmos latinos tais como Boleros, Guarânias e Rancheiras, além dos trajes típicos mexicanos, tão bem utilizados por Pedro Bento e Zé da Estrada. 
No entanto, quem até então imaginaria uma Dupla Sertaneja cabeluda usando medalhões no peito e vestindo camisas abertas até a metade, com estampas psicodélicas? Sem dúvida, um verdadeiro “escândalo”, já que Léo Canhoto e Robertinho também gostavam de aparecer com guitarras elétricas, órgãos e contrabaixos e andando de motocicletas, em vez de montados em cavalos!!
Críticas não faltaram e não poderia ter sido diferente: Léo Canhoto e Robertinho eram discriminados tanto nas emissoras de rádio como também no famoso “Café dos Artistas”, além de terem sido considerados como “loucos”. Amigos do mundo sertanejo insistiam em que eles largassem tais inovações e “voltassem às origens”.
A dupla também não tinha nenhum programa de rádio. Mas mesmo com pouco dinheiro para divulgação e sem acesso à TV, Léo Canhoto e Robertinho conquistaram o país, tornando-se década de 1970 a mais popular entre as Duplas Sertanejas, quebrando recordes de disco e bilheteria. 
Léo Canhoto e Robertinho gravaram 15 LPs na RCA, os quais foram produzidos pelo ex-rockeiro Tony Campelo, que também produziu uma infinidade de discos de Sérgio Reis. Foi por sinal na mesma gravadora que surgiu o repertório inovador com músicas que tinham até mesmo clichês inspirados por filmes de “bang-bang italiano”, aqueles “faroestes de segunda categoria” que estavam na moda na década de 1970.
Com direito inclusive aos tão característicos “diálogos” entre mocinho e bandido e “efeitos sonoros” diversos como tiros de revólver! Como exemplo, podemos citar “Jack O Matador” (Léo Canhoto - Nenete) e “O Homem Mau” (Léo Canhoto). Uma verdadeira mistura de “Rádio-Teatro” com Country Americano e Sertanejo Brasileiro…
A dupla também foi pioneira na introdução das Guitarras Elétricas na Música Sertaneja, como podemos notar, por exemplo, em “Vou Tomá Um Pingão” (Léo Canhoto). Léo Canhoto e Robertinho também “parodiaram” Roberto Carlos, falando sobre “carros e velocidade” em “Meu Carango” (Léo Canhoto).
Léo Canhoto e Robertinho também “pagaram o preço do pioneirismo”, já que nos seus shows em circos de cidades interioranas as instalações elétricas muitas vezes eram precárias e ocorriam panes com muita freqüência, fazendo com que eles tivessem que esquecer a guitarra elétrica e pegar o Violão e a Viola e soltar a voz tal qual Tonico e Tinoco no início da carreira “na beira da tuia”.
Léo Canhoto e Robertinho foi também a única dupla sertaneja que recebeu o “Brasão Da República”, homenagem prestada pelo então Presidente Ernesto Geisel em 1976, pela beleza da música “O Presidente e o Lavrador” (Léo Canhoto).
A dupla, no entanto, acabou se desfazendo em 1983. Léo Canhoto e se queixava pelo fato das emissoras de TV darem espaço para a Música Country Americana e deixar de lado o “Novo Caipira Brasileiro” que eles cultivavam. Apesar das inovações Léo Canhoto e Robertinho jamais conseguiram chegar aos “horários nobres” do Rádio e da TV.
A dupla chegou a se unir novamente no ano de 1989, no entanto, sem obter o sucesso anterior, apesar do enorme sucesso que já estava sendo experimentado por duplas já famosas tais como “Chitãozinho e Xororó”, “César e Paulinho” e “Christian e Ralf”, duplas essas que haviam aproveitado o estreito caminho aberto por Léo Canhoto e Robertinho e “alargado a estrada” por onde passaram a transitar duplas tais como “Leandro e Leonardo”, “Zezé di Camargo e Luciano” e “Bruno e Marrone”, “rotulados comercialmente” como novos nomes da Música (que não é mais) Sertaneja, mas sim uma “mistura romântico/brega” também conhecida como “breganejo” ou “sertanojo”.
Os trabalhos mais recentes de Léo Canhoto e Robertinho foram em 1996 quando lançaram um CD com destaque para “O Messias” (Léo Canhoto) e “Na Trilha dos Animais” (Leo Canhoto) e também a participação da dupla no CD “Clássicos Sertanejos” de Chitãozinho e Xororó, interpretando “Vou Toma Um Pingão” (Léo Canhoto) juntamente com a famosa dupla paranaense.
Bem antes dos “breganejo e sertanojos”, aproveitando a “trilha” aberta por Léo Canhoto e Robertinho, haviam surgido Milionário e José Rico e também o Trio Parada Dura.
 E, sobre essa inovação experimentada pela Música Sertaneja, merece ser citado o comentário de Inezita Barroso, citado na página 333 do Livro “Música Caipira - Da Roça Ao Rodeio” de Rosa Nepomuceno, citação essa que nos mostra o quanto a “Madrinha” dá valor ao que é autêntico, ao que é da Nossa Terra: 
 ”“… não é que eu não goste, mas eles quebraram aquela unidade caipira. Então dali pra cá começou a aparecer às duplas ditas modernas, né?
Criou-se nesse momento, não uma inimizade, mas uma prevenção contra esse tipo de música.
Os caipiras resolveram se unir, porque não havia mais lugar para eles, eles estavam indos embora, pro interior. ”
Nessa citação, Inezita se referiu aos que “inovaram a linguagem do mercado” que misturaram alhos com bugalhos, violas com guitarras, os quais Inezita sempre viu “com reservas”; isto na época em que “estouravam nas paradas de sucesso” Léo Canhoto e Robertinho, Milionário e José Rico e o Trio Parada Dura. Lembrar que ainda não eram conhecidos “Leandro e Leonardo” nem “Zezé di Camargo e Luciano”, ou seja, ainda não existiam os “breganejo e sertanojos”…
Ao ouvirmos Léo Canhoto e Robertinho, além dos já mencionados “efeitos sonoros dos bang-bangs” (“Jack O Matador” (Léo Canhoto - Nenete) e “O Homem Mau” (Léo Canhoto)), encontramos os elementos do “rock” da época, em interpretações de sucessos tais como “A Colina do Amor” (Léo Canhoto), “Crioulinha” (Léo Canhoto - Nhô Cido), “O Presidente e o Lavrador” (Léo Canhoto), “A Menina da Piscina” (Pedro Canela) e “Suspiro e Saudade” (Pedro Canela) (música essa que nos faz lembrar o romantismo de Christophe em “Aline”). No entanto (e esses são Léo Canhoto e Robertinho que eu aprecio!), apesar da instrumentação inovadora, ainda sentimos o “Sabor Caipira Raiz” ouvindo sucessos tais como “Vou Tomá Um Pingão” (Léo Canhoto), “A Gaivota” (Léo Canhoto), “A Garça” (Léo Canhoto), “Apartamento 37” (Léo Canhoto), “Inverno Cruel” (Léo Canhoto - Ricieri Faccioli), “Meu Velho Pai” (Léo Canhoto) e “Canção do Carreteiro” (Léo Canhoto - Oswaldo Béttio). E também podemos nos divertir em interpretações bem humoradas como por exemplo “Eu e a Dinha” (Léo Canhoto - Robson Garcia), na qual são utilizados cacófatos, da mesma forma que nos Forrós compostos por Zenílton e Genival Lacerda:
 Entre 1983 e 1989, Robertinho chegou a formar uma dupla com o acordeonista João Silvestre da Silva, o João Roberto, natural de Dourados-MS e que possuía antes o nome artístico de Centavo (quando integrava o trio “Cruzeiro, Tostão e Centavo” o qual ganhou 1º (Festão - festival promovido pela TV Morena de Campo Grande-MS, com a música “Estrada de Chão” (Aurélio Miranda)). A dupla “João Roberto e Robertinho” gravaram um disco e, logo depois, João Roberto foi morar no Canadá onde viveu durante 13 anos, após os quais retornou ao Brasil e voltou a formar a dupla com Robertinho.
João Roberto, no entanto, faleceu no dia 14/05/2005, durante um show no qual acompanhava a “Madrinha” Inezita Barroso em Itanhaém SP: repentinamente ele caiu no palco; foi socorrido imediatamente, mas já estava sem vida, vítima de parada cardíaca fulminante, ocasião na qual contava 43 anos de idade.
E, no mesmo ano de 2005, Robertinho retomou a dupla com Léo Canhoto.
Continua pela estrada 

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